Alemão condenado por exercício ilegal da medicina atendia outros presos em cadeia no Rio


A morte de um preso dentro do Presídio Evaristo de Moraes, na Quinta da Boa Vista, no ano passado, acabou revelando que outro detento, um alemão de 43 anos condenado por exercício ilegal da medicina pela Justiça do Rio, dava atendimento médico aos internos. Kai Jorg Niespodziany ministrava medicamentos, fazia curativos e aconselhava o encaminhamento dos presos para atendimento fora da penitenciária, tudo com o conhecimento da direção da unidade.

Durante o dia, quando a enfermaria do presídio estava funcionando, Kai auxiliava médicos e enfermeiros. Após o fim do expediente, entre 16h e 17h, ele que ficava responsável pelo espaço. Oficialmente, ele era lotado na faxina do local.
De acordo com fontes ouvidas pelo EXTRA, no dia 22 de agosto de 2016, o preso Wellington de Oliveira Santos passou mal. Como a enfermaria já estava fechada, o alemão cuidou do socorro ao interno e lhe deu uma medicação. O preso acabou piorando e morreu. De acordo com o registro de ocorrência do caso, feito na 34ª DP (Bangu), Wellington chegou a ser levado para o hospital penitenciário, no Complexo de Gericinó, mas já chegou lá sem vida. Após o caso, Kai foi impedido de continuar atuando na enfermaria do presídio.

A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) tem outra versão. A pasta alega que Wellington passou mal, queixou-se de dor nas costas e foi medicado. Em seguida, ele teria se sentido mal novamente, durante o horário de visita, e teria sido socorrido pelo alemão, que tentou reanimá-lo. Segundo a pasta, Kai era paramédico em seu país de origem. Uma sindicância interna foi aberta para apurar o caso. A Seap não respondeu, no entanto, quem teria receitado o medicamento tomado pelo preso.

Aos inspetores penitenciários, o alemão contava que havia começado um curso de paramédico na Alemanha, mas não teria concluído. Ele relatava ainda que tinha vindo para o Brasil, em 2007, para fazer trabalhos sociais. Entrou aqui como turista.

- Ele era muito grosso. Gritava com os presos. Apesar de ajudar todo mundo, os presos só aturavam ele porque ele ajudava - conta um agente.

O Conselho Federal de Enfermagem do Rio informou que Kai não possui cadastro para atuar na área. Segundo o órgão, o registro de estrangeiro só ocorre após revalidação do Diploma de Enfermeiro por uma universidade brasileira.

O alemão foi preso pela Polícia Militar em fevereiro de 2011, no Morro da Mineira, suspeito de ser médico do tráfico. Ele atendia na sede da associação de moradores da comunidade. Com ele, foi apreendido um caderno com os nomes de vários traficantes. Na Justiça, Kai acabou sendo absolvido da acusação de associação para o tráfico, mas foi condenado pelo exercício ilegal da medicina. Kai Jorge foi condenado ainda por homicídio e tentativa de homicídio. Em 2012, ele matou sua companheira e tentou assassinar o enteado em Maricá, na Região Metropolitana do Rio.
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