A chuva do último dia 23, de 215mm,foi o suficiente para um acúmulo de
pelo menos três metros de água. FOTO: WILSON GOMES
pelo menos três metros de água. FOTO: WILSON GOMES
O Açude Taquara já está enchendo, mas muitas famílias ainda não deixaram a área porque aguardam indenizações
Sobral. Centenas de famílias residentes próximas ao Açude Taquara, entre os Municípios de Pacujá e Cariré, vivem na incerteza se terão que deixar as suas propriedades, quando o reservatório atingir sua cota máxima, sem receberem o dinheiro da indenização prometida pelo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs). A discussão sobre quanto seria pago por cada imóvel desocupado ou área de terra desapropriada começou muitos antes da construção da barragem.
O agricultor Manoel Ferreira, que mora na localidade de Jurema, zona rural de Pacujá, e que teve a casa avaliada de R$ 41 mil, conta que no começo tudo parecia bem próximo. "Eles chegavam aqui com a promessa de que ninguém sairia insatisfeito, até mesmo quem não tinha casa, seria indenizado com R$ 5 mil. Mas até agora nada", disse Manoel Ferreira.
Ele acrescenta que, depois disso, uma vez por outra aparecia alguém para começar tudo de novo. Juntamente com seu Manoel Fereira, outras 26 famílias vivem o mesmo drama na localidade.
Advogado contratado
Situação idêntica é vivida pelo aposentado Tarcísio Ferreira Aguiar, que já contratou um advogado para acompanhar as negociações. "Nós, moradores, formamos um grupo de cinco famílias e contratamos um advogado para acompanhar a situação. Queremos agilizar a liberação dos recursos. Segundo o que fomos informados, já se encontra depositado", comentou Tarcísio Ferreira.
Para cerca de outras 30 famílias, que estão morando bem mais próximas ao Açude Taquara, a situação se agrava ainda mais porque o reservatório já começa a encher. Uma grande chuva que caiu na região nos últimos dias, mais precisamente no Município de Graça, no dia 23 do mês passado, de 215milímetros, foi o suficiente para um acúmulo de pelo menos três metros de água. Áreas que estavam totalmente na terra agora estão alagadas. "Antes dava para ir até a cidade de Cariré seguindo por essa estrada que passa em frente à minha casa. Agora só é possível seguir viagem até Pacujá", disse a dona de casa Raimunda Aguiar.
A aposentada Rita Francisca do Nascimento é uma das moradoras mais temerosas com a situação, principalmente agora, com aproximação do inverno. Ela conta que mora na localidade há mais de 60 anos e nunca imaginou um dia ter abandonar o lugar com incertezas.
A previsão, segundo o comerciante José Wilson Araújo, que mantém uma pequena mercearia na margem da estrada que dá acesso a localidade de Jurema, que também está entre as famílias a serem indenizadas, é para o fim deste ano. A reportagem tentou contato com a sede do Dnocs em Fortaleza, mas até o fechamento desta edição o telefone dava sinal de ocupado ou não atendia.
A barragem do Açude Taquara foi construída com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal, e ocupa uma área de 5 mil metros quadrados. Contou com investimentos de R$ 120 milhões. Terá capacidade de acumulação de 274 milhões de metros cúbicos com o barramento do Rio Jaibaras, no Vale do Acaraú. A obra, que permitirá regularizar o fluxo dos rios Acaraú e Jaibaras, concluída em maio deste ano, beneficiará 12 municípios. Além do Açude Taquara, outras barragens estão sendo construída no Estado, como Barragem Figueiredo, em Alto Santo, Vale do Jaguaribe.
Paralisação
Em novembro de 2008 as obras da Barragem do Taquara sofreram uma paralisação por atraso no repasse dos recursos. A construção do reservatório foi retomada em janeiro do 2009.
Quando a obra já estava quase concluída, recebeu a visita do ministro da Integração Nacional, João Reis Santana Filho, que, acompanhado do governador Cid Gomes e do diretor do Dnocs, Elias Fernandes, sobrevoou toda a extensão.
A comitiva visitou, ainda, a Barragem Figueiredo, em Alto Santo, a segunda etapa do perímetro Tabuleiros de Russas, e o Centro de Pesquisas em Aquicultura do Dnocs, na cidade de Pentecoste. A Comitiva visitou também, na mesma ocasião, as obras do túnel do Eixão das Águas.
Enquete
Como enfrenta o impasse?
"Espero que até o fim do ano tudo esteja resolvido. Não suporto mais essa angústia sem saber se seremos ou não indenizados"
José Wilson Araújo
Comerciante
"Já contratei um advogado para acompanhar o caso. Não sei por quanto tempo vou ter que esperar o dinheiro da indenização"
Tarcísio Oliveira
Aposentado
WILSON GOMES
COLABORADOR
(Fonte: http://diariodonordeste.globo.com, de 04 novembro de 2010)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.