Após o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovar ontem, por 10 votos a 1, o encaminhamento da denúncia contra o presidente Michel Temer à Câmara — o documento chegou às 20h30 na Casa —, governo sabe que terá de recomeçar toda a negociação com a base aliada e prepara-se para ouvir pedidos de cargos e emendas parlamentares. Hoje será anunciada a liberação de R$ 10 bilhões para os ministérios destravarem a agenda de investimentos, o que irrigará o discurso dos deputados junto aos respectivos eleitores.
Para garantir a rejeição da primeira denúncia por corrupção passiva contra o peemedebista — a atual acusa o presidente de organização criminosa e obstrução de Justiça —, Temer foi obrigado a redesenhar os espaços no segundo e terceiro escalões do governo. Primeiro para garantir os votos para encerrar o caso, depois para premiar os parlamentares fieis.
Na época, um dos parlamentares que ajudaram o Planalto a rearranjar as forças foi o vice-líder do governo Beto Mansur (PRB-SP). Ele resumiu o cenário da seguinte maneira: “Não vamos impedir ninguém de entrar no prédio. Mas os aliados vão de elevador, os demais vão de escada”. Um integrante da base reconheceu que essa metáfora está posta novamente. “Não se iluda: deputado sempre vai querer um cargo a mais”, avisou um governista.