Remédio errado pode ter matado mulher em hospital

A Polícia Civil investiga a suspeita de negligência médica na morte de uma fotógrafa de 46 anos na Santa Casa de Franca (SP). A família alega que a equipe de enfermagem trocou a medicação que estava sendo ministrada em Zélia Lúcia Barbosa Moreira, durante um tratamento para disfunção renal. Em nota, o hospital lamenta o ocorrido e informa que instaurou uma sindicância para apurar o caso. No boletim de ocorrência registrado pela instituição, consta que Zélia morreu em decorrência da aplicação equivocada de um anestésico, no lugar do medicamento correto.

Zélia estava na unidade na quarta-feira (25) para realização de uma pulsoterapia, tratamento que consiste na ministração de altas doses de medicamentos em um curto período de tempo. A terapia foi indicada para o controlar a doença de Berger, que é autoimune e prejudica o funcionamento dos rins.
O marido da fotógrafa, Marcelo Moreira, conta que Zélia era internada por um dia para receber o medicamento intravenoso por seis horas seguidas. A cada três horas, uma enfermeira injetava outra substância para diminuir os efeitos colaterais.

“Ela tinha me avisado por mensagem que estava finalizando o tratamento e o médico já tinha, inclusive, assinado a alta dela. Depois de 15 minutos, meu filho me ligou desesperado, avisando que ela teve uma convulsão e tinha sofrido uma parada cardíaca”, diz.

O filho do casal, Marcelo Moreira Júnior, relembra o momento em que a técnica de enfermagem aplicou a substância errada na mãe, que começou a relatar mau estar e, logo depois, sofreu a parada cardíaca.

"A enfermeira chegou com duas injeções. Na primeira, a minha mãe disse que sentiu tontura, e, na metade da segunda, pediu para a moça parar. Mas, foi muito rápido. Em questão de segundos ela começou a convulsionar e me pediram para sair do quarto", afirma.

No boletim de ocorrência, consta que Zélia recebeu 10 mililitros de cloridrato de ropivacaína, um anestésico usado em centros cirúrgicos e que não pode ser aplicado por via intravenosa, no lugar de mitexan, um antitóxico,

“Eu me pergunto: quem entregou [o medicamento] na mão da técnica de enfermagem? Até agora, ninguém me procurou, nem o médico, e nem a Santa Casa. Eu queria entender o que aconteceu, por que isso aconteceu”, afirma o marido.

Investigação

A Polícia Civil informa que espera o resultado da necropsia realizada pelo Instituto Médico Legal (IML) para esclarecer a causa da morte. Entretanto, familiares da vítima e funcionários da Santa Casa já estão sendo convocados para prestar depoimento.

O caso está sendo investigado como homicídio culposo, ou seja, sem a intenção de matar.

Sindicância

Em nota, a Santa Casa confirma que a fotógrafa estava internada para realização de pulsoterapia e, ao final do procedimento, sofreu uma parada cardiorrespiratória. O hospital alega que todas as medidas de ressuscitação necessárias foram feitas pela equipe médica.

"Ao tomar ciência dos fatos, em especial da dúvida quanto à causa da morte da paciente, a Santa Casa de Franca abriu sindicância interna para apurar os fatos e procurou a autoridade policial para comunicar o ocorrido", diz o comunicado.

Já o Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP) informa que a apuração do caso seguirá sob sigilo processual, previsto em lei. Após a averiguação dos fatos, se forem constatados indícios de infração, será instaurado um processo ético-profissional.

"As profissionais poderão receber as penalidades previstas na Lei 5.905/73, sendo elas: advertência, multa, censura, suspensão temporária do exercício profissional ou cassação do exercício profissional", diz a nota. 

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