Dentre as nove capitais nordestinas, Fortaleza
foi a que registrou o menor volume de chuvas no último mês de 2017. A Capital
cearense acumulou apenas 14,6 milímetros em dezembro, quase 72mm a menos que a
líder Teresina, no Piauí, onde o acúmulo foi de 86,4mm no período, de acordo
com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A projeção do
instituto para este trimestre - meses de janeiro e fevereiro, que correspondem
à pré-estação no Ceará; e março, primeiro mês da quadra chuvosa cearense -;
também não é favorável: segundo o Inpe, a probabilidade de a Região Nordeste
ter chuvas abaixo da média no período é de 40%, contra 35% de provável volume
dentro da média e 25% acima.
Até o último domingo
(7), o acúmulo de chuvas em Fortaleza em 2018 também figura entre os menores
índices da Região, segundo dados do Inpe. Enquanto em São Luís, no Maranhão, e
em Teresina, no Piauí, choveu 45,2 e 7,4 milímetros, respectivamente, a Capital
cearense acumulou apenas 2,4 mm de precipitações - cerca de 74% abaixo da média
prevista para o mês. Entretanto, conforme ressalta o meteorologista da Fundação
Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), David Ferran, os
números "ainda não podem ser parâmetro", já que "a tendência é
que as chuvas aumentem" no período.
"Em dezembro, a
média histórica é de 31 mm; janeiro, 99 mm; fevereiro, 119 mm; março 203 mm. Ou
seja, gradativamente, tende a chover mais, conforme o período de quadra chuvosa
se aproxima", explica Ferran. Segundo o especialista, as regiões cearenses
onde mais choveu no último mês do ano passado foram o Maciço de Baturité, com
60 mm; seguido do Litoral do Pecém, com 38 mm; e do litoral de Fortaleza, com
33 mm. Nos primeiros sete dias de 2018, foram as regiões de Ibiapaba (43 mm) e
Cariri (21 mm) as responsáveis pelos maiores volumes de chuva no Estado, como
aponta Ferran.
Influência
As maiores ocorrências
chuvosas em estados vizinhos ao Cearense, porém, lamenta o meteorologista,
"não influenciam em nada no Ceará", mesmo sendo causadas, em geral,
pelos mesmos fenômenos - análise reforçada pelo instituto nacional. "Uma
das principais causas das chuvas no Nordeste durante o verão é o Vórtice Ciclônico
de Altos Níveis (VCAN). Embora em algumas situações possam ocorrer pancadas de
chuvas isoladas associadas ao calor e à umidade, a maior parte das
precipitações durante a estação chuvosa no Ceará está associada a um fenômeno
meteorológico que atua também nos demais estados do Nordeste", esclarece o
Inpe.
Outro importante
mecanismo que pode favorecer a ocorrência de chuvas no Ceará e em outros
estados nordestinos é a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) - fenômeno
que, por outro lado, pode ser a causa do déficit chuvoso na região.
"Quando este sistema fica situado ao norte de sua posição climatológica,
grande parte do Nordeste enfrenta uma estação com precipitações deficitárias,
como observado nos últimos anos", aponta o instituto.
Previsão
As expectativas para os
próximos três meses, como projeta o Inpe, não são animadoras. Em reunião
realizada no mês passado, o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos
(CPTEC), em parceria com outras instituições ligadas ao Ministério da Ciência,
Tecnologia, Inovações e Comunicações, apontou para "uma situação
preocupante para o Nordeste", como define o instituto.
As previsões mais
recentes indicam que a ZCIT deve atuar de forma desfavorável à região,
permanecendo mais para o norte de sua posição, "o que resultaria em
déficit de precipitação para a Região do Nordeste no trimestre
janeiro/fevereiro/março", conforme o Inpe.
A previsão não aponta
as probabilidades de chuvas para o Ceará, mas reforça que o Estado, assim como
quase 100% da Região Nordeste, está inserido em uma faixa negativa, a qual
prevê 40% de chances de precipitações abaixo da média no trimestre. O
prognóstico das chuvas no Estado, entretanto, só deve ser divulgado pela
Funceme no próximo dia 19.
FONTE: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/inpe-preve-chuvas-abaixo-da-media-no-primeiro-trimestre-1.1876496
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