Rolezinhos e possível volta de protestos desafiam governantes


O crescimento do fenômeno dos rolezinhos e a organização de uma série de protestos contra a Copa do Mundo voltaram a testar a capacidade dos governantes brasileiros de responder à agitação nas ruas.

Nesta semana, o governo federal foi instado pela Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) a se posicionar diante da polêmica causada pelos rolezinhos. Inicialmente restritos a shoppings na periferia de São Paulo, os eventos ganharam a adesão de outros públicos e passaram a ser marcados também em shoppings em zonas centrais de várias cidades.

O crescimento do fenômeno se deveu à repressão contra participantes por policiais e seguranças e a decisões judiciais que proibiram alguns eventos.

A Alshop pediu uma reunião com a presidente Dilma Rousseff para tratar do prejuízo de comerciantes com os atos. A presidente deverá escalar ministros para dialogar com a associação na semana que vem.

'Não vai ter Copa'

Segundo relatos em jornais, Dilma recentemente convocou uma reunião para tratar do assunto, preocupada com a possibilidade de que os encontros se transformassem em protestos.

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A prefeitura de São Paulo e o governo paulista também têm acompanhado a evolução do movimento com atenção.

Outro motivo de receio para as autoridades são os protestos agendados para este sábado em várias cidades do país. "Não vai ter Copa" é o mote das manifestações, que têm sido encaradas como um ensaio para novos atos contra o Mundial nos próximos meses.

Para Maria do Socorro Souza Braga, professora de ciências políticas da Universidade de São Paulo (USP), os governos têm agido com cuidado para não repetir os erros cometidos em junho, quando a dura repressão policial às primeiras manifestações deram força ao movimento.

"Vejo uma tentativa de se organizar, de preparar as instituições que estão à frente da segurança pública para que sejam capazes de controlar as manifestações sem meios brutais", ela afirma à BBC Brasil.

Segundo Braga, para tentar acalmar os ânimos, os governantes poderiam intensificar o diálogo com os organizadores de protestos e lideranças de movimentos sociais.

Maria do Socorro Souza Braga, professora de ciências políticas da USP 

Para a secretária Nacional da Juventude, Severine Macedo, o governo federal já tem agido para ampliar a comunicação com esses grupos e com os jovens brasileiros. Ela cita a criação do Observatório Participativo da Juventude, espaço virtual para discussão de políticas para os jovens, e o siteparticipa.br, para consultas públicas.

Segundo Macedo, tanto os rolezinhos quanto as manifestações de junho se enquadram num "conjunto de fenômenos não tão novos que tem ganhado força neste período do Brasil, fruto de mobilidade social e ampliação do reconhecimento dos jovens quanto a seus direitos".

"Com a melhoria de renda das pessoas, a cobrança se torna maior."

Para ela, a reação do governo a esses movimentos não pode ser pontual.

"Não é por conta de rolezinhos ou manifestações que o governo deve agir, o governo tem que construir uma agenda de políticas para a juventude e para a ampliação de oportunidades para esses jovens".

As respostas dos governantes, diz ela, devem abarcar a melhoria dos serviços públicos e a criação de áreas de lazer nas cidades.

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