Cariré e Tapuio são destaques desta quinta-feira (28), no Caderno Regional do jornal "Diário do Nordeste"

As águas do Rio Acaraú voltaram a correr por debaixo da passagem molhada Eurico Linhares, localizada no distrito de Tapuio, a cerca de 20Km da sede de Cariré, no norte do Estado, depois de dias seguidos de chuva ( FOTO: MARCELINO JÚNIOR ) 
Tudo vai depender da permanência da Zona de Convergência Intertropical, principal condutor de chuvas

Cariré. Segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), as chuvas tiveram uma significativa queda no Estado, entre terça e quarta-feira. A maior foi registrada no município de Itapajé, que chegou a apenas 31mm, seguido de Reriutaba (30mm) e São Benedito (25mm), que lideraram o ranking das dez maiores chuvas do dia, sendo que nove delas se foram na região norte. Apenas 43 cidades tiveram chuva.

Esses dois dias com redução das precipitações, são atribuídos, pela Funceme, ao o posicionamento desfavorável do Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) que, nas últimas duas semanas havia trazido boas precipitações. Segundo os pesquisadores da instituição, os vórtices são sistemas bem dinâmicos (se formam, se dissipam e variam seu posicionamento muito rapidamente) e, por isso, têm baixa previsibilidade. Eles têm como período de maior atuação dezembro e janeiro, que são os meses de pré-estação chuvosa. Para fevereiro, a tendência é de que esse tipo de sistema deixe de atuar e comece a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que é o principal sistema indutor de chuvas no Ceará durante a quadra chuvosa (fevereiro e maio), quando são observados cerca de 75% da chuva anual.

Alguns fatores influenciam no posicionamento da ZCIT e, consequentemente na quantidade de dias em que esse sistema deve atuar no Ceará. Quanto mais tempo a ZCIT favorecer a formação de nuvens de chuva no Estado, melhor a quadra chuvosa. Se atuar pouco, haverá menos chuvas e uma quadra irregular, ou seja, seca.

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"A primeira coisa que devemos salientar é que a última previsão climática divulgada pela Funceme, aponta maior probabilidade de chuvas abaixo da média no trimestre fevereiro-março-abril. Dessa forma, as chuvas observadas neste mês de janeiro não vão influenciar numa análise posterior do trimestre para o qual o prognóstico apontou", explicou Meyre Sakamoto, supervisora do Núcleo de Meteorologia.

Ainda de acordo com o levantamento da Funceme, a previsão para o próximo trimestre mostra que alguns fatores têm grande chance de influenciar negativamente na atuação da ZCIT, como o El Niño (aquecimento no Oceano Pacífico) e um dipolo desfavorável no Oceano Atlântico Tropical. Com isso, há grande chance de o acumulado de chuvas dos 90 dias entre fevereiro e abril, período para qual foi apontada a previsão, fique abaixo da média histórica do trimestre.

"Assim, a previsão para o trimestre fica mantida, apontando 65% de probabilidade de chuvas abaixo da média no Ceará, 25% de chance de chuvas em torno da média e 10% de termos o próximo trimestre com precipitações acima da média. Assim, somente será válido comentar algo sobre a previsão da Funceme após a observação dos dados acumulados durante todo o trimestre, ou seja, uma análise correta só pode ser feita no início de maio", reformou Meyre.

Apesar do prognóstico da Funceme, foi com muita alegria que o pescador Renato Ribeiro olhou para as águas do Rio Acaraú, quando voltaram a correr por debaixo da passagem molhada Eurico Linhares, depois de dias seguidos de chuva. A passagem, localizada no distrito de Tapuio, a cerca de 20Km da sede de Cariré, no norte do Estado, trouxe o sorriso de volta aos moradores que há muito tempo não viam, sequer, um fio de água correr pelas velhas manilhas de 1m de diâmetro.

Hoje, a imagem é outra. As treze manilhas encobertas, quase por completo, mostram o quanto o Acaraú recuperou sua força, pelo menos por estes lados, depois de receber as águas renovadas do Riacho dos Macacos, que voltou a correr forte. O Riacho é um dos principais afluentes do Acaraú, que recebe água também dos rios Jatobá, Jaibaras e Groaíras que, por enquanto, se mantêm em baixa, mesmo com as chuvas que têm caído na região. Mas o que trouxe mesmo surpresa aos moradores, foram os 209mm de chuvas já registrados neste mês de janeiro, superando índices anteriores para o período, segundo o secretário municipal de Meio Ambiente, Adauto Araújo. "O bom é saber que essa água é de chuva, pois as comportas do Açude Araras, que ajuda a perenizar o Acaraú, continuam fechadas", disse.


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