Camilo diz que estado não contratará novos delegados mesmo com aumento da violência no estado do Ceará

O governador do estado, Camilo Santana (PT), disse nesta quinta-feira (17) que pretende contratar até 2018 novos profissionais para compor o quadro da Segurança Pública e do Sistema Penitenciário. Agentes penitenciários, inspetores e escrivães deverão ser convocados para as secretarias da Justiça e da Cidadania (Sejus) e da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). No entanto, descartou, a princípio, a convocação de novos delegados para a Polícia Judiciária.

A declaração do governador foi vista com pessimismo nos quadros da Polícia Civil e por especialistas da Segurança, já que o efetivo de delegados está defasado no estado. Atualmente, são cerca de 84 cidades do Interior que não dispõem de delegacias por falta de delegados. Outras existem mas não funcionam para a instauração de inquéritos e flagrantes.

Além disso, 337 cargos de delegados de Polícia estão ociosos. Este número deverá aumentar até o próximo ano, já que o número de profissionais que já deram entrada nos processos de aposentadoria é expressivos. Muitos aguardam tão somente o Estado efetivar a lei que promoveu a categoria para o patamar de carreira jurídica e, com isso, seus vencimentos podem ultrapassar o teto salarial do estado, para deixar a instituição.
Unidades Integradas

Outra dificuldade que o setor vem passando é a falta de delegacias com plantões noturnos no dias úteis e expediente nos fins de semana e feriados. Ao assumir o governo do estado em janeiro de 2017, Santana prometeu instalar plantões 24 horas em todas as 35 delegacias distritais de Fortaleza e instituiu a criação de Unidades Integradas de Segurança (Uniseg), como parte do Programa “Ceará Pacífico”. Seriam, no mínimo, 25 Unisegs na cidade.

Recentemente, o governo recuou, reduzindo essa meta para 20 Unisegs. Contudo, até agora, só foram implantadas três unidades (Vicente Pinzón, Meireles e Bom Jardim/Conjunto Ceará). Faltam, portanto, 17 para ele implantar restando 16 meses para o fim de seu mandato. Teria, no mínimo, que inaugurar uma por mês até dezembro de 2018.

Com a falta de efetivo para compor as equipes plantonistas nas delegacias da Capital e Região Metropolitana, o governo instituiu o serviço extraordinário, em que policiais civis e delegados trabalham mesmo estando no período de folga, recebendo gratificações extras. Além disso, aumentou a carga horária, infringindo o Estatuto da Polícia Civil, segundo denúncias.

Inquéritos

Enquanto o Ceará já registra mais de três mil assassinatos em menos de oito meses completos de 2017, os inquéritos que apuram os crimes de morte (homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de óbito) se avolumam na Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Recentemente, a SSPDS determinou a remessa de centena desses inquéritos para que as delegacias distritais de Capital e as unidades da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) iniciem investigações de crimes que aconteceram há meses ou anos, com remotas possibilidades de esclarecimento e indiciamento dos assassinos.

O Estado também descumpre a lei estadual que determina a existência e funcionamento de Delegacias de Defesa da Mulher em todos os Municípios cearenses com população igual ou superior a 60 mil habitantes. Nestas condições, são 22 Municípios, mas só foram instaladas até agora 10 DDMs.

Das 20 delegacias Regionais de Polícia Civil no Interior, somente a metade funciona em plantões 24 horas nos fins de semana e feriados. Nos dias úteis o expediente se encerra às 18 horas e, portanto, as unidades ficam fechadas à noite, obrigando a própria Polícia a fazer grandes deslocamentos para o registro de prisões em flagrantes e para a população prestar queixas (Boletins de Ocorrência/B.O.).

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