Dessalinização deve ser a solução para crise hídrica do Ceará

A dessalinização da água do mar e da água salobra é uma atividade industrial que será de extrema importância para a população mundial num futuro não tão distante, e é necessário que governos e iniciativa privada unam forças para investirem e atuarem nesta questão de maneira séria e organizada. E o Ceará deverá partir na frente nessa questão, uma vez que o Governo do Estado já abriu uma chamada pública para que empresas nacionais e internacionais possam se credenciar a desenvolver projetos na área, uma vez que contando com um litoral extenso – mais de 540 quilômetros – possui ampla oferta de matéria-prima, água do mar, além de também ter água salobra em diversas áreas do interior, inclusive no sertão. A expectativa é que haja um investimento de R$ 500 milhões na construção de uma usina desse tipo.

Virgínia Sodré, executiva responsável pelo desenvolvimento de negócios da Acciona Água no Brasil, alerta que a água doce é um recurso cada vez mais escasso em todo o mundo. Ela está à frente da divisão responsável por serviços de gestão hídrica da empresa, grupo global de origem espanhola e líder em promoção, desenvolvimento e gestão de infraestruturas, água, serviços e energias renováveis. “E a Acciona está participando do processo para poder credenciar-se a desenvolver o projeto de instalação de uma usina de dessalinização no Estado. 

Devido à tecnologia que a Acciona emprega e seu know-how, acreditamos que este custo pode ser menor. Tanto que nosso projeto, de maneira geral, são personalizados, a fim de oferecermos as melhores tarifas para nossos clientes. Vale salientar que como o Estado participará do projeto, a companhia de águas (Cagece), passará a ter também o conhecimento técnico para trabalhar esse tipo de planta de dessalinização, vindo a se tornar uma referência no Brasil”, disse.

Crescimento
A demanda por água potável no mundo cresce sem parar, à medida que a população mundial também aumenta. Em 1950, quando o mundo possuía cerca de 2,5 bilhões de habitantes, o consumo era de 1.400 quilômetros cúbicos (km³) por ano. Em 2010, com quase 7 bilhões de pessoas aqui residindo, o planeta já exigia 4.250 km³ por ano, sendo que boa parte desta necessidade já provinha de águas renováveis, ou água de reuso, sendo apenas 0,7% dessalinizada. Já em 2025, com uma população estimada em 8,1 bilhão de habitantes, o mundo precisará de 5.200 km³ por ano, com uma matriz renovável que, no máximo, entregará 4.600 km³ anualmente, se novos investimentos neste setor não forem realizados no curto prazo, especialmente, o aumento de projetos de dessalinização da água do mar.

“Temos mais de 30 anos de experiência nesse mercado, temos muita tecnologia embarcada, que busca trazer uma equação especializada, personalizada, a fim de trazer o menor custo operacional, com uma qualidade elevada”, destacou Virgínia. Para ela, a solução para esta questão, além da melhoria na gestão de recursos hídricos, redução de consumo, conservação da água natural, redução de perdas e melhoria das práticas industriais e agrícolas, deverá passar também por projetos de dessalinização da água do mar e reuso de água residual.

O Brasil, apesar de ainda ser um dos poucos países do mundo com certa abundância de reservas de água potável, também não passará incólume. Cerca de 70,8% do PIB Industrial do Brasil e 71,56% da população brasileira vivem com apenas 9,3% do recurso de água doce do País. Grande parte do recurso se encontra no Norte do Brasil (68,5%), local com apenas 6,98% dos habitantes brasileiros. Já regiões como o Nordeste e Sudeste, que concentram 28,9% e 42,6% da população brasileira, têm apenas 3,3% e 6,0% de recurso de água doce, respectivamente. A tendência é que grandes capitais destas regiões demandem soluções, como a dessalinização, já no curto prazo.

Expertise
Virgínia também abordou a expertise da Acciona em projetos de dessalinização em países como Espanha e Austrália. Nomeada, em 2016, pela revista Global Water Intelligence, como a melhor empresa de dessalinização do mundo, a companhia foi pioneira no desenvolvimento da técnica de osmose inversa. “A empresa está apta a atuar em todas as fases do projeto de construção de uma planta de dessalinização, seja para municípios ou indústrias privadas, desde o design, construção e instalação, até sua operação e manutenção. Temos as quatro maiores plantas do mundo, em pleno funcionamento e que nos dão uma boa capacidade de atender às demandas do Ceará. Na Austrália, por exemplo, onde temos uma das maiores usinas do mundo, em Adelaide, com capacidade de 350 mil metros cúbicos (m³) por dia, alimentada por energia fotovoltaica”, completou a executiva.


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