Rio - Apontado como a principal liderança da facção Comando Vermelho (CV) e há quase 11 anos preso em presídios federais, Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, decidiu falar. Chefe do tráfico no Complexo do Alemão, o que ele nega, o traficante defende a legalização das drogas e disse que o comércio de entorpecentes financia campanhas de políticos.
As bombásticas declarações foram feitas em uma entrevista exclusiva ao portal Uol dentro do presídio federal de segurança máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte.
"A legalização das drogas é um caso complexo que merece um debate profundo, ouvir a sociedade, fazer um plebiscito para saber se ela está preparada. Mas as drogas leves, como a maconha, seria importante dar o primeiro passo para legalizar, uma forma de erradicar e, no mínimo, diminuir o tráfico de drogas. A partir do momento que legalizar vai vender em tudo que é botequim, farmácia, traficante não vai vender mais drogas, correto?", defende, dando exemplos como o Uruguai e Holanda.
Entretanto, VP acredita que a legalização enfrenta resistência das próprias autoridades que, segundo ele, não estariam interessadas porque a liberação das drogas acabaria com benefícios dos políticos.
"O tráfico de drogas financia campanhas políticas no Brasil, senhor. Financia o governo do estado, deputados, senadores. Para eles não é importante isso (legalização). Os grandes barões das drogas, a maioria, vivem acima de qualquer suspeita. Encastelado em seus palacetes financiam campanhas políticas. E não interessa para eles acabar com essa fonte de renda", acusa.
'Cabral foi o maior charlatão que tive o desprazer de conhecer'
Um dos alvos constantes do livro de VP é o ex-governador Sérgio Cabral, hoje preso em Bangu por corrupção. O político foi responsável pela ida do traficante para fora do estado, em 2007.
"A maior organização criminosa do Rio de Janeiro estava instalada dentro do Palácio Guanabara e Sérgio Cabral Filho era cacique-mor dessa organização que levou o Rio à falência. Foi a maior decepção que tive na minha vida. Foi o maior charlatão que tive o desprazer de conhecer na minha vida", diz na entrevista.
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