Na grande série de reportagens do jornal O POVO, de Fortaleza, sobre "Comunidade escolar se une para vencer obstáculos durante pandemia", foram ouvidos diversos profissionais da educação, os quais lançaram mão de estratégias para alcançar estudantes e se esforçar, muitas vezes além da capacidade, para garantir o direito à educação.
Dentre esses especialistas entrevistados, está o professor Diego de Souza sobre as dificuldades enfrentadas durante a pandemia, pela Escola de Ensino Médio de Cariré, Dona Marieta Cals. Leia, na íntegra, a matéria especial abaixo:
"Formação continuada promove superação dos desafios tecnológicos"...
“Tudo o que nós achávamos conhecer sobre informática acabou não valendo. Era um conhecimento muito fragilizado. Além de nós termos de aprender para dar as aulas, precisamos também ensinar aos alunos”, analisa o professor Diego de Souza sobre as dificuldades enfrentadas durante a pandemia. O docente ministra a disciplina de Língua Portuguesa no Ensino Médio da EEM Dona Marieta Cals, localizada em Cariré, distante 287,2 quilômetros de Fortaleza.
Para superar os obstáculos, o educador participou dos cursos do programa de formação continuada: Itinerários Formativos, da Secretaria da Educação do Estado (Seduc). A versão piloto da iniciativa ocorreu em 2018 com 882 inscritos. No ano seguinte, foram 2.095 certificados emitidos. Em 2020, as formações tiveram de ser adaptadas e, apesar da pandemia da Covid-19, contou com 6 mil docentes matriculados de 23 regionais de ensino.
“De início, foram conceitos de informática, conceitos de trabalhos em plataformas. Logo depois, nós fomos para o trabalho empírico, onde aprendemos a usar as ferramentas digitais”, lembra Diego. As formações iniciaram com o período pandêmico já em curso.
"Quando você sente que instâncias superiores se preocupam com sua formação, sente-se mais motivado. Até então, a iniciativa era mais do professor. Não é fácil tirar do próprio bolso para reciclagem, mas esses cursos gratuitos ofertados pela Secretaria de Educação melhoram o nosso currículo", avalia.
Para o professor, os itinerários já mostram resultados. Porém, ainda é necessário mais investimentos e atenção redobrada para aqueles excluídos digitalmente dos encontros remotos.
"Nem todos os alunos têm acesso, nós temos alunos que ainda não têm internet ou aparelho celular. Nós temos alunos com um aparelho para três ou quatro pessoas. É um resultado a longo prazo, mas aqueles que têm acesso nós temos visto proveitos", frisa.
E projeta: “O que nós aprendemos com isso ficará para o resto da vida. Quando as aulas voltarem de forma presencial, aquilo que no digital nós não utilizávamos, nós usaremos. Nosso público será mais atraído. Muitos de nós conhecíamos o básico, com esse avanço que tivemos, isso fortalecerá nosso currículo e nosso conhecimento”.