Líderes de partidos aliados avisaram ao presidente Michel Temer que não pretendem retomar as articulações para votar a reforma da Previdência no plenário da Câmara até que o governo reorganize a base aliada. Parlamentares do Centrão - grupo do qual fazem parte PP, PSD e PR - e até do PMDB querem que o Palácio do Planalto faça uma redistribuição de cargos que estão nas mãos de "infieis", ou seja, dos que votaram na Câmara pela admissibilidade da denúncia contra Temer.
Nos bastidores, integrantes do Centrão se dizem dispostos até a paralisar ou derrotar a agenda econômica que tramita no Congresso. O primeiro alvo seria a medida provisória que cria o Refis, programa de parcelamento de dívidas de contribuintes com o Fisco com o qual o governo conta para fechar as contas públicas deste ano.
A estratégia será ignorar a negociação que o governo vem tentando fazer e trabalhar para aprovar o texto do relator, deputado Newton Cardoso Jr. (PMDB-MG), considerado mais benéfico para empresas. O deputado modificou a versão enviada pelo governo ao Congresso e colocou condições mais favoráveis aos devedores, como o perdão de até 99% de juros e multas. Com isso, a previsão de arrecadação caiu de R$ 13 bilhões para R$ 420 milhões com o programa.